fevereiro 05, 2007

Um contributo extraordinário para o debate...

Se vocês querem um contributo de um jurista - que só vai votar para acabar com este tipo de debate falacioso e hipócrita por parte do sim e por parte do não, e continua a achar que a melhor clarificação deste debate foi a proporcionada pelos gatos fedorentos... (link infra) - dir-vos-ei:

O direito penal é aquele ramo do direito em que, historicamente, sempre mais se aproximam o "direito natural" e o direito positivo, isto é: onde as normas juridicas reflectem mais aproximadamente o sentir colectivo, o valor ou desvalor atribuídos pela comunidade, no seu conjunto, relativamente a determinadas condutas ou omissões.

Intuitivamente, 99,8% da população de qualquer país minimamente civilizado responde, sem querer saber de leis ou códigos, que matar, roubar, violar, agredir, é crime.

A legitimação das normas de direito penal decorre, muito directamente, desse sentimento colectivo, que retrata, quase sempre fielmente, a evolução e a elevação, cultural e moral, de cada comunidade.

Se alguém acredita que ainda é "crime", numa sociedade, algo que já deu caso a dois referendos... estamos conversados!

Isto não quer dizer que a questão do aborto, (que é sempre um mal em si mesmo) não levante, na nossa casa comum, um dilema moral, ético - e até, num certo sentido, cultural e religioso.

Só que esse tipo de dilema é intrínsecamente individual - só deve ser ponderável para quem nele, no concreto, se tenha de desgraçadamente colocar - e depende de inúmeros factores conjunturais e individuais.
E só esses factores individuais e concretos - que atravessam transversalmente todos os credos, ideologias, idades, condições económicas e sociais deste país que é o nosso - podem tornar grandiosos ou execráveis, em momentos e situações concretas, todos os melhores argumentos que os militantes, do sim e do não, andam tão denodadamente a gritar.

3 Comments:

Blogger Salseira said...

Olá.

Eu já escrevi por aí na blogosfera que não vejo em que é que esta campanha possa contribuir para uma decisão de voto no próximo Domingo. A campanha não é esclarecedora porque a forma como este assunto é discutido não é, quase nunca, correcta e com argumentos válidos. Isto vale para o Sim e para o Não. Voto Sim mas já ouvi por aí muito disparate dito por defensores do Sim.

Por outro lado, não vejo de que forma este assunto possa ser discutido claramente porque envolve valores morais, culturais e religiosos e, nestes assuntos, é difícil fazermos os outros alterarem as suas posições.

De qualquer modo, a discussão está lançada e a única coisa que se pode pedir é que se mantenha algum respeito daqui até Domingo.

Quanto à tua última frase, acho que ela diz quase tudo (se não tudo) sobre este assunto.

fevereiro 07, 2007 9:53 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Oi, Salseira!

Olha que estou exactamente como tu: Voto Não, mas estou farta de ouvir disparates ditos, escritos, fotografados, etc. por defensores do Não. E do Sim também, já agora.

Tentei seguir esta campanha com alguma atenção, o assunto não é pacífico, pessoas que respeito muito têm opiniões diferentes da minha pelo que parecia que valia a pena tentar entender argumentos de um e outro lado.

Nickles.

Voto aquilo que me manda o coração, ou talvez o instinto. Mas tenho imensa pena desta campanha estar a ser um circo, na pior acepção da palavra.

fevereiro 07, 2007 10:06 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Quando o aborto deixa de ser uma questão de direitos humanos e passa a ser uma questão meramente politica, é lógico que a campanha para o referendo tem forçosamente que virar um "circo".
Quanto a domingo, sou completamente contra o aborto, por isso voto SIM, faço-me entender?

fevereiro 07, 2007 10:35 da manhã  

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