junho 30, 2006

Português


Recebi hoje um e-mail com um artigo de jornal sobre os exames de português. Fiquei assustada. Só depois percebi que, por acaso, até era brasileiro mas continuei assustada: primeiro porque aqui ou no Brasil o Português tem que ser respeitado e depois porque se fossem os exames em Portugal calculo que a notícia não fosse muito diferente.

Admito que sou muito chata com a minha língua mãe e que me desespera ver os erros que se dão por aí! Os “á muito tempo” e os “deve de ser” desta vida irritam-me profundamente! E estes erros, infelizmente, não são dados só por jovens… há adultos, em posições importantes, que dão erros que me fazem corar de vergonha.

Mas o que mais me tem preocupado é a recente “conversa” sobre a linguagem utilizada pelos jovens nas mensagens de telemóvel e mensagens instantâneas e que, em jeito de conclusão, acaba sempre por chegar à seguinte afirmação: temos que deixar o Português evoluir.

Ora, por um lado, eu concordo que o Português não é uma língua morta e que, como tal, tem de evoluir. E, por outro, também eu utilizo “k” em vez de “que”, ou “n” em vez de “não” quando escrevo no MSN ou quando envio SMS. No entanto, para mim, não é por aí que passa a evolução do Português. Isso seria apenas facilitar a vida a quem não sabe escrever.

E a nossa língua tem evoluído. Hoje dizemos coisas como “internet”, “stress”, “blogue”, etc. Isso é uma evolução. E mais evoluções recentes haverá e, talvez, até mais exemplificativas do que estas.

Hoje tentaram convencer-me que “parque” se deveria escrever “parke”. Perguntei como se deveria, então, escrever helicóptero. Resposta: “helicóptero”, ou seja, com “c”. É por razões destas que não se pode mudar assim uma Língua. Estas têm regras e são essas regras que ajudam a escrever… escrever bem. Se “parque” se escrever “parke”, então porque não escrever “helikóptero”? E então vamos desistir de uma letra, ou passar a usá-la só para palavras como “cedilha”, só porque dá jeito escrever “ke”? Mas então porque não escrever sedilha? E se escrevermos “sedilha” então como distinguimos “concelho” de “conselho”? Acho que já dá para perceber a implicação de kerermos eskrever kom kama para simplifikar… Fica lindo!!!

3 Comments:

Blogger J. Vilas Maia said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

junho 30, 2006 6:03 da tarde  
Blogger J. Vilas Maia said...

Se há síncopes de coração é certo que haverão na língua também!
Penso que a evolução da língua não apenas se prende apenas com a forma mas também, e sobretudo, com o conteúdo das palavras. A necessidade de evolução da língua faz-se na semântica, nos novos significados que determinada palavra pode assumir. Aí os brasileiros são brilhantes: eles escrevem como falam, inventando, inovando a cada dia a lingua que querem fazer igual à nossa (algumas vezes sobrepor à nossa). Nós somos, por outro lado, tão brilhantes como eles: falamos como escrevemos, o que nos confere uma realidade fonética muito própria a cada palavra proferida (claro nos meios onde a dicção é dado adquirido).

junho 30, 2006 6:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A utilização do K nas mensagens escritas tem a sua razão de ser. mas infelimente, a sua abusiva utilização faz com que o pessoal se esqueça de como se escreve correctamente. E o pior é que muitos nem estão preocupados em escrever correctamente e fazem questão de utilizar o K como uma afirmação da sua geração, como se escrever correctamente fosse "careta"!

julho 03, 2006 11:08 da manhã  

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