janeiro 09, 2008

Saudades


Saudade é uma palavra que só existe em português. Dizem. Não sei se assim é mas o que eu considero é que é, acima de tudo, um sentimento muito português. Nós apegamo-nos muito às coisas, às pessoas e às situações. Sentimos sempre que o passado é que foi bom, que o que nós vivemos no passado é que tem significado, que o futuro é uma nuvem negra e quanto ao presente nem nos damos conta que existe.

Claro que tudo isto são generalizações. Mas também a verdade é que cada um de nós é influenciado não só pelo que já viveu mas também por aquilo que os outros viveram, assim como, pela sua cultura. Logo, cada um de nós tem em si um pouco deste nosso viver fatalista.

Tudo isto para dizer que regressar a Lisboa nem sempre é fácil. Às vezes custa imenso vir embora do Porto, custa separar-me das pessoas de quem gosto ainda que saiba que, à partida e no máximo, essa separação terá a duração de um mês. E muitas vezes custa porque me ponho a pensar nas coisas boas que vivi com aquelas pessoas, nos momentos desse fim-de-semana ou em momento ainda mais passados. Em vez de me concentrar nas coisas boas que tenho em Lisboa e que correspondem ao meu presente, em vez de me concentrar na forma como me sinto em paz e como isso me permite estar em paz com os meus, em vez de me concentrar no que estou a viver, opto por me concentrar no passado, no que foi bom lá atrás, correndo o risco de deixar passar o que é bom no presente.

E é pensando nestas coisas que acabo por ultrapassar essa saudade dos dois primeiros dias e aproveitar cada momento bom que a vida me tem dado.

As nossas escolhas e opções são aquilo que nos permitem fazer o caminho da felicidade. Está muitas e muitas vezes nas nossas mãos o sentirmo-nos felizes, nem que seja por nos concentrarmos nas coisas boas em vez de nos focalizarmos nas más.

Vir para Lisboa foi uma opção. As coisas nem sempre correram como eu desejava mas o saldo é francamente positivo. Em alguns Domingos penso como seria a minha vida se a escolha tivesse sido outra.

Foi uma escolha, aparentemente fácil, mas que na realidade foi difícil. Foi uma escolha que me permitiu crescer. Foi uma escolha da qual me orgulho. Foi uma escolha que me permite hoje saber que sem essa escolha eu não seria quem sou hoje nem teria a capacidade de ver as coisas como as vejo.

Acima de tudo sinto-me feliz com a minha vida. Gosto muito de vocês e gosto muito da vida que tenho.

Até ao próximo fim-de-semana no Porto! :)

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá:

Gostei muito de te ler...

ando de novo por aí ;)

janeiro 14, 2008 3:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

..tb gosto de ti..:-)..saudades saudades...só temos do que é importante para nós...:-)...bjs ..

isabel

janeiro 14, 2008 11:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Também sempre ouvi dizer que saudade é intraduzivel, mas é algo que fomos deixando, por aí... eu por ex gosto da entoação crioula de saudade, "sódade"!

Como diz a Isabel, só temos saudade do que é importante... já tenho saudade de te ler, Isabel... e a ti de te ver, Madrinha!


bjs - Fati

janeiro 17, 2008 11:36 da manhã  

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