setembro 20, 2006

Há coisas que me irritam.


Uma delas é a facilidade com que as pessoas falam de quem tem o azar de se tornar indigente, ou de ter de recorrer ao rendimento mínimo ou à simples caridade dos outros.

Não sou propriamente ingénua e sei que há muita gente que cai nessas situações porque se meteu na droga, porque fez empréstimos atrás de empréstimos, porque acumulou dívidas ou porque não lhe apetece trabalhar.

Contudo, há aqueles a quem a Vida simplesmente não sorriu! Lamento ter de vos dizer isto, pessoas irritantes, mas há mesmo! E não sorriu porque tiveram uma doença que os impediu de trabalhar ou porque não têm mais ninguém na vida além deles próprios. Sorte a de quem tem uma família que o possa amparar num momento difícil.

Caso prático:

Eu ganho um valor líquido de 800 euros, que correspondem a 634 brutos (o resto são extras). Se ficar doente ou desempregada irei receber 65% deste valor, ou seja, 412 euros.

Pago 260 euros pelo carro e 350 euros pela renda da casa.

Sou uma pessoa que tem batalhado bastante e que, com a ajuda preciosa do pai, e muito trabalho extra tem conseguido manter alguma estabilidade financeira.

Se ficar desempregada posso ir trabalhar em trabalho temporário, posso ir trabalhar em call centers, etc. Mas se ficar doente simplesmente não posso trabalhar. E aí terei a sorte de ter uma família que sei que me apoiará sempre que eu precisar.

Mas… e se não tivesse? Como ia pagar o carro? Desfazia-me dele? Ok. Tinha mesmo que ser. Mesmo assim aos 412 euros retiro 350 euros para a casa e fico com 62 euros!!! Das duas uma: morria à fome ou ia viver para debaixo da ponte. É assustador! Mesmo para quem tem família porque a minha vida daria uma volta de 180º.

A vida não é a preto e branco amigos!!

1 Comments:

Blogger escorpiaotinhoso said...

Depois de te ler ainda fico com mais saudades de Casablanca e da sua lindíssima mesquita por cima do mar...
Hoje há sempre a opcção de se ir arrumar carros...
É muito dificil julgar os outros, pois cada qual se distingue por aquelas pequenas coisas que nos tornam diversos apesar de sociologicamente tão iguais... E um dos valores da nossa cultura é a solidariedade... Este ano passei por uns meses dificeis, e felizmente não estava a pagar carro nem casa, o que permite furosa suplementares no cinto. E também tenho família e uns irmãos fantásticos. Mas a melhor maneiora de sair dos buracos é mesmo usar a cabecinha e trabalhar. Sempre.

Que saudades de Casablanca...

ET

setembro 20, 2006 12:55 da tarde  

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