setembro 27, 2005

Lembrança numa noite furiosa...

A multidão em fúria

passeia placidamente nas ruas da cidade,

de mente plácida,

plácida mente,

enquanto os homens que orientam placidamente

a multidão em fúria

que placidamente passeia nas ruas da cidade,

procuram furiosamente

as soluções plácidas

que orientarão a multidão em fúria

que, placidamente, passeia nas ruas da cidade,

de mente plácida,

plácida mente,

e os sábios buscam furiosamente

as fórmulas plácidas

que, placidamente,

resolverão as dificuldades da multidão em fúria

que passeia nas ruas da cidade

de mente plácida

plácida mente

e todos, todos em suma

placidamente

procuram furiosamente,

de todas as formas plácidas,

atender às inquietações e aos anseios plácidos

da multidão em fúria

que, placidamente, passeia nas ruas da cidade,

e placidamente se assenta nos plécidos bancos das avenidas,

bebendo o ar plácido da noite,

e esperando, placidamente,

as soluções plácidas

para os seus anseios e inquietações furiosas.




"Poema da noite plácida"


António Gedeão