Desculpem a repetição...
Sou apenas a cinza de uma estrela
um viajante de passagem
o rastro de uma bola de fogo arrefecida
um resto
neurónios nervos músculos ossos células
matéria perecível transformável
um bípede de fala e de guitarra
carregado de versos e metáforas
um metro e setenta e cinco de um planeta condenado
amanhã não serei senão uma faísca
um relâmpago na noite
uma faúlha
a sombra de uma sombra ou outra forma de energia
sou o último som de uma última sílaba
uma fórmula um acto uma alquimia
um desastre de Deus na escuridão do além
rosto nenhum corpo de nada
ou talvez a lágrima luminosa
de ninguém.
Terceiro Poema do Pescador, in "Senhora das Tempestades"
Manuel Alegre, 1998
um viajante de passagem
o rastro de uma bola de fogo arrefecida
um resto
neurónios nervos músculos ossos células
matéria perecível transformável
um bípede de fala e de guitarra
carregado de versos e metáforas
um metro e setenta e cinco de um planeta condenado
amanhã não serei senão uma faísca
um relâmpago na noite
uma faúlha
a sombra de uma sombra ou outra forma de energia
sou o último som de uma última sílaba
uma fórmula um acto uma alquimia
um desastre de Deus na escuridão do além
rosto nenhum corpo de nada
ou talvez a lágrima luminosa
de ninguém.
Terceiro Poema do Pescador, in "Senhora das Tempestades"
Manuel Alegre, 1998
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