outubro 19, 2005

Para um tratado dos amores infelizes




- Onde é Monchique? - perguntou Simão a Mariana.

- É acolá, senhor Simão - respondeu indicando-lhe o mosteiro, que se debruça sobre a margem do Douro, em Miragaia.
Cruzou os braços Simão, e viu através do gradeamento do mirante um vulto,
Era Teresa.


As nove horas da manhã pediu a Constança que a acompanhasse ao mirante, e, sentando-se em ânsias mortais, nunca mais desfitou os olhos da nau, que já estava verga alta, esperando a leva dos degredados.
Quando viu, a dois a dois, entrarem, amarrados, no tombadilho, os condenados, Teresa teve um breve acidente, em que a já frouxa claridade dos olhos se lhe apagou, e as mãos conculsas pareciam querer aferrar a luz fugitiva.
Foi então que Simão Botelho a viu.