novembro 25, 2008

Caminhos

A Vida é cheia de caminhos e opções. Não é um caminho estreito com via única e sem bifurcações. São caminhos largos, com dois sentidos e várias faixas em cada sentido. Com entroncamentos, cruzamentos, bifurcações, atravessados por pontes e túneis. Têm espaços laterais onde podemos descansar, parar para pensar e também para reabastecer.

Mas atenção… não são auto-estradas. Por um lado, porque podemos virar para trás em qualquer instante e, por outro, porque o virar para trás não significa que vamos voltar ao mesmo caminho ou ao mesmo ponto de partida.

Isto é, na minha opinião já se sabe, a Vida.

Mas nem todos a vêem assim. Muitos vêem-na como um caminho muito estreito, com poucas opções de felicidade. Às vezes assemelha-se a um funil. No início era um caminho largo e depois as pessoas vão estreitando a visão que têm desse caminho como se, de repente, só houvesse uma forma de se viver. E com esse estreitamento vão tendo cada vez menos hipóteses de serem felizes.

Ao longo da minha vida tenho tido vários caminhos à minha frente por onde posso optar. No momento da escolha tenho a mesma visão de cada um deles e imagino que qualquer um deles me pode levar a fazer um bom percurso. Olho bem e escolho, muitas vezes mais com o coração do que com a razão. Nem sempre escolhi um caminho com uma boa vista. Já tenho escolhido caminhos um bocado tortuosos mas que me levam, regra geral, a um crescimento interessante que me permite considerar-me uma pessoa feliz.

A ideia que tenho é que se eu olhasse para a Vida como um caminho único, a felicidade ainda estaria distante e o crescimento seria inexistente.

Aceito que nem todos pensem assim e que prefiram ver as coisas mais pequenas mas, por favor, aceitem também que a minha Vida é feita destes caminhos todos!

novembro 21, 2008

Uma declaração de Amor...

Eu não sou uma pessoa que ligue muito a datas. Confesso que me esqueço de datas importantes. Esqueço-me de datas em que comecei a trabalhar em determinado sítio, em que conheci determinada pessoa, em que fui viver sozinha… essas coisas assim.

Vou-me lembrando das pessoas por muitos e variados motivos mas não em datas certas. E, confesso, muitas vezes sei alguns aniversários porque me avisam. Adoro o meu aniversário porque é o meu dia mas faço questão de ir recordando com antecedência porque admito que há mais gente como eu.

A data de 8 de Novembro passou e eu nem liguei.

E hoje, que li uma coisa sobre ti, que mostrei o que li a outra pessoa e que falei em ti com outra ainda, quis dizer-te que ainda sinto a tua falta (acho que nunca vou deixar de sentir), que és e será sempre uma referência para mim, que sinto falta do amor incondicional que sei que sentias por mim. Mas queria também dizer-te que é um privilégio enorme ser tua neta e que te recordo com saudade mas também com alegria, pensando constantemente nas coisas boas.

Lembro-me de coisas como:

- quereres dares-nos um beijo quando ainda tinhas espuma da barba na cara,
- ires à livraria e pedires para te venderem x metros de livros para caberem numa determinada estante,
- brincares com todos os empregados de restaurante que nos atendiam,
- das histórias que contavas às refeições, completamente inventadas mas contadas tão intensamente que parecia que até acreditavas nelas,
- das visitas que fizemos a diversas instituições para nos mostrares outras realidades,
- dos cafezinhos que partilhávamos no Península quando eu estava na Porto 2001.

Enfim… as coisas boas que a Vida tem!


PS – Outra coisa que a Vida tem de bom são os amigos que gostam de nos ouvir contar estas histórias. E o valor que dou à Amizade foi mais um Valor que aprendi contigo.

novembro 18, 2008

Democracia: suspensão por seis meses...

«Até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia. Mete-se tudo na ordem e depois, então, venha a democracia.» - Manuela Ferreira Leite

Quando li isto no site do Público não quis acreditar. Achei que poderia ter sido uma frase retirada do contexto. Achei que a senhora queria ironizar com a prepotência que este Governo tem demonstrado. Achei que seria impossível, alguém que poderá ser candidata a Primeiro-ministro, dizer tal coisa.

Pois… achei tudo isto mas enganei-me. Fui procurar ouvir o que, de facto, tinha sido dito para perceber o contexto, para tentar captar qualquer ironia na voz. Lamento mas o que encontrei foi um vídeo da senhora a dizer exactamente o que está transcrito acima, sem qualquer sombra de ironia.

Pois bem, em seis meses ela resolveria imensa coisa. Nomeadamente, obrigaria todos os casais a ter filhos ou a separarem-se. É que quando achei tudo aquilo que disse acima esqueci-me que tinha sido esta mesma senhora a dizer que o casamento é só para procriação.

Não são coisas parecidas é certo… mas são igualmente estúpidas, insensíveis e preocupantes!

Agora o que realmente me entristece é que sei que muitos concordarão como que a senhora disse.

Eu tenho dito senhora? Não sei se o termo se adequará… mas valores são valores e para mim são para manter… seja o da liberdade, da solidariedade, da importância da negociação, inerentes à democracia, seja o da educação.

novembro 13, 2008


Cadena perpetua



Esto es como la ruleta rusa –dijiste-
cuando sepultábamos
al más alegre de nuestros amigos
Pero cansa en este juego
que simulaba divertirnos
oír el clic
separar el dedo del gatillo
y seguir de pie
condenados
a tirar la caravana.
Esta cadena pesa
como funeral en el desierto
No es la ventisca de este puerto
desvencijado
la que abre mi ventana cada día
son estos fantasmas ojerosos
que me usurpan la tristeza nocturna
en el paracaídas del recuerdo
Es el lenguaje sepulcral
de mi cadena antigua
donde cada eslabón
es una pupila abierta
horadando el ocaso.


ENROMPECAIDA, “Entrecejo” Pp. 38, 1995

Alejandra Ziebrecht poeta chilena, que além do mais até é uma mulher bonita.

A Turma


Ontem fui ver o filme “A Turma”.

Gostei muito! Um filme bem feito, sem grandes artifícios, sem truques para puxar ao sentimento. Um filme interpretado pelo professor que escreveu o livro que deu origem ao filme. Um filme interpretado também por actores não profissionais que deram realismo a cada uma das cenas.

Um filme que mexeu comigo. Mexeu comigo pela impotência que senti naquele professor a determinada altura. Mexeu comigo pela demonstração da humanidade que faz parte de cada um de nós e que, não raras vezes, nos leva a cometer actos dos quais não nos orgulhamos. Mexeu comigo pela falta de ilusões que aqueles miúdos têm, pela sua incapacidade de sonhar, pela sua incapacidade de se sentirem pertença de algo, pela sua incapacidade de autocontrolo, pela carência de carinho que demonstram e que não sabem como a suprir.

O Mundo caminha para uma cada vez maior globalização e, no entanto, essa caminhada não tem permitido que nos sintamos pertença de um todo, não tem permitido que, independentemente do local onde vivemos, nos possamos sentir cidadãos do Mundo de pleno direito. E assim não pode ser… não dá… as sociedades não aguentam…

Mas o que faz cada um de nós para que o próximo, por muito diferente que seja, se sinta bem na sua pele, sinta que tem um espaço próprio, sinta que tem os mesmos direitos, os mesmos sonhos, as mesmas ilusões, as mesmas desilusões, as mesmas alegrias e as mesmas tristezas que todos os outros que nos rodeiam.

É que a frase “todos diferentes, todos iguais” faz todo o sentido, todo! Todos nós…

…nós e eles, os membros da nossa família,
…nós, portugueses, e eles, espanhóis,
…nós, europeus, e eles, africanos,
…nós, professores, e eles, alunos,
…nos, alunos, e eles, professores,

… todos nós somos profundamente diferentes e, no entanto, profundamente iguais.

Talvez o filme não tenha querido focar nada disto, talvez o filme apenas pretenda mostrar as dificuldades porque passam professores e alunos… mas isto foi o que me ficou na cabeça desde ontem!

novembro 05, 2008

Ser Feliz

«Morre lentamente quem não lê, quem não viaja, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio, quem não se deixe ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, quem não muda de marca, ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão e o seu redemoinho de emoções, justamente os que resgatam o brilho dos olhos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho.

Não quero morrer lentamente não quero esquecer de ser Feliz!»

Leio, viajo, ouço música, encontro graça em mim mesma.

Ando a reconstruir o meu amor-próprio e só o faço porque me deixei ajudar.

Não sou escrava de nenhum hábito, mudo frequentemente de marcas e converso com qualquer pessoa.

Não quero mais evitar paixões com o seu redemoinho de emoções porque estes tornam a vida mais saborosa.

Já virei a mesa mais do que uma vez, troquei o certo pelo incerto para correr atrás dos meus sonhos.

Não estou a morrer lentamente e sou muito Feliz.

Mas uma coisa eu gostava…

… que todos aqueles de quem eu gosto vissem um sentido neste texto que eu roubei num Hi5.

novembro 03, 2008

«Todo Cambia»

A vida dá muitas voltas e tem muitas coincidências!

Num momento estamos num determinado contexto a pensar de uma determinada forma.
No momento a seguir o contexto muda e não sabemos já o que pensamos.

Num momento temos respostas para tudo.
No momento a seguir não queremos ter respostas para nada.

Num momento não sabemos que duas pessoas de quem gostamos muito se conhecem.
No momento a seguir descobrimos que se conhecem há muito.

Num momento somos pessoas que aprendemos a desconfiar.
No momento a seguir somos pessoas que aprendemos a confiar.

Num momento conhecemos uma pessoa numa noite de festa.
No momento a seguir é uma das nossas mais queridas amigas.

Num momento conhecemos duas pessoas em contextos separados.
No momento a seguir elas apaixonam-se perdidamente.

Num momento a vida está pouco saborosa.
No momento a seguir está doce como o mel.


O que nos espera ao dobrar da esquina é um mistério.
Cabe-nos ir vivendo cada dia e saborear cada momento.
Não viver na expectativa do futuro… mas com curiosidade suficiente para encontrar o melhor nas mudanças da Vida.


«Cambia lo superficial
Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo


Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño»

Mercedes Sosa