março 31, 2006

Carlos Drummond de Andrade

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o
convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.

março 24, 2006
















Van Gogh - "Room at Arles"

Carlos Drummond de Andrade

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

março 17, 2006

Chuva...



















(Chuva roubada do arquivo do blog em link, Autor desconhecido)

março 15, 2006

Liberdade

Sobre a travessia dos nossos Rubicões...

http://www.bozzetto.com/freedom.htm

março 13, 2006

||| Fotografia às Segundas |||

Um nosso link permanente, uma Cidade sempre surpreendente!...

Soneto já antigo















(Van Gogh - Shoes)


Olha, Daisy: quando eu morrer tu hás de
dizer aos meus amigos aí de Londres,
embora não o sintas, que tu escondes
a grande dor da minha morte. Irás de

Londres p'ra Iorque, onde nasceste (dizes...
que eu nada que tu digas acredito),
contar àquele pobre rapazito
que me deu tantas horas tão felizes,

Embora não o saibas, que morri...
mesmo ele, a quem eu tanto julguei amar,
nada se importará... Depois vai dar

a notícia a essa estranha Cecily
que acreditava que eu seria grande...
Raios partam a vida e quem lá ande!


Álvaro de Campos

março 10, 2006

Cinema Batalha abre hoje no Porto de forma parcial

Uma boa notícia para a minha querida cidade natal!

Será que é desta que se começa a revitalizar a cidade a nível cultural? Espero que sim porque uma cidade sem cultura é uma cidade morta!

março 08, 2006

Poema matemático (retomando a saga dos amores infelizes...)

Um Quociente apaixonou-se
Um dia Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides,
boca trapezóide,
Corpo ortogonal,
seios esferóides.
Fez da sua
Uma vida
Paralela a dela.
Até que se encontraram
No Infinito.
"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode-me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs
Primos-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas,
curvas,
círculos
e linhas senoidais.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções
newtonianas e pitagóricas.
E, enfim, resolveram-se a casar
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos,
equações e diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade Integral
E diferencial.
E casaram-se
e tiveram uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.
Foi então que surgiu o
Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe,
a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais
Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo o que era espúrio passou a ser Moralidade
Como aliás, em qualquer Sociedade.
(texto admirável de autor desconhecido, recebido por e-mail)

março 06, 2006

||| Fotografia às Segundas |||

Ruas do Porto, em link - vale a pena...